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Controle de qualidade em projetos fotovoltaicos
Entrevista à pv magazine o diretor de Testes & Optimização da Enertis Applus+, Ignacio Fernández.
Por que os proprietários de usinas FV no Brasil devem ter uma estratégia abrangente de controle de qualidade? Quais são os riscos e oportunidades envolvidos?
Os proprietários de usinas fotovoltaicas devem estar cientes de que as margens no setor são apertadas e a pressão para aumentar constantemente a competitividade do produto é considerável.
Este fato, em um contexto de alta demanda e aliado à complexidade do processo de fabricação do módulo, pode levar a graves falhas sistemáticas ou aleatórias de qualidade.
Estes podem ocorrer devido à revisão incorreta do Bill of Materials (BOM); controle inadequado ou inexistente dos processos e procedimentos; execução incorreta do programa de controle de qualidade; treinamento insuficiente do pessoal; ou supervisão inadequada da fabricação, transporte, instalação e operação do equipamento.
Essas falhas podem ter consequências, tais como uma substituição massiva dos módulos afetados, levando a custos adicionais significativos relacionados a atrasos no planejamento e implementação do projeto, redução da produção de energia dos módulos ou aumento do tempo de trabalho dos funcionários para a solução de problemas.
Como pode o controle de qualidade otimizar a rentabilidade do projeto?
O controle de qualidade adequado durante a fabricação, expedição, instalação, comissionamento e operação de equipamentos FV mitiga os riscos mencionados na resposta anterior.
O custo do trabalho de inspeção e controle que oferecemos é muito inferior às consequências de ter produtos com defeitos que afetam a produção de instalações solares fotovoltaicas e/ou a segurança dos trabalhadores.
Vale notar que tais verificações são quase um padrão no setor, de modo que os compradores de equipamentos que não as realizam correm o risco de receber produtos que não atendem aos padrões de seus concorrentes.
Quais são as especificidades do Brasil em relação à estratégia de controle de qualidade para projetos PV? Quais são as deficiências mais comuns detectadas?
No mercado brasileiro, estamos encontrando diferentes tipos de players.
Em alguns casos, os clientes têm ampla experiência no setor fotovoltaico e integraram bem a necessidade de realizar trabalhos de inspeção e controle de qualidade em seus projetos. Entretanto, dado o enorme crescimento que este mercado está experimentando, há também players que entraram recentemente no mercado e que estão em processo de assimilação da importância de realizar este tipo de controle.
Em qualquer caso, na Enertis Applus+, oferecemos apoio integral para a definição e implementação das tarefas de controle de qualidade para projetos, adaptadas às suas possibilidades orçamentárias e às necessidades específicas de cada cliente.
Quais são os principais estágios para o controle de qualidade de um projeto PV?
Destacaria as seguintes etapas:
- Assistência na escolha e avaliação prévia da melhor tecnologia disponível para o projeto (apoio na definição das especificações técnicas e no Request for Proposal ou RFP do equipamento);
- Negociação dos aspectos técnicos dos contratos de fornecimento do equipamento;
- Auditorias na fase de pré-fabricação;
- Inspeções e gestão rigorosa da Bill of Material (BOM) na fábrica;
- Supervisão da fabricação;
- Inspeções pré-embarque de lotes e testes laboratoriais independentes de validação da lista técnica;
- Testes na chegada dos equipamentos ao projeto;
- Testes após a instalação do equipamento;
- Testes durante o comissionamento;
- Testes durante a fase de operação.
Os testes dos módulos são realizados, por exemplo, antes do embarque e após a instalação no local?
De fato, estas são duas das etapas mais críticas.
Os testes pré-embarque podem ser usados para verificar se os painéis nos lotes a serem enviados ao nosso cliente atendem às exigências previamente estabelecidas no contrato de fornecimento. Isto envolve testes em painéis retirados de cada um dos lotes de produção a serem enviados (tais como testes de potência, eletroluminescência, inspeção visual ou testes de isolamento) e testes mais específicos de validação de BOM (por exemplo, Degradação Induzida por Luz ou LID, Degradação Induzida por Luz e Temperatura Elevada ou testes LeTID ou Degradação Induzida Potencial ou PID).
Entre as duas fases mencionadas, tem a chegada dos equipamentos na usina, onde realizamos testes (normalmente, eletroluminescência e inspeção visual) para descobrir se houve algum dano durante o transporte.
Finalmente, após a instalação no local, realizamos trabalhos como a eletroluminescência no módulo montado para descobrir se houve algum dano durante a instalação, ou testes como termografia, curva IV ou medição de potência no campo para descobrir o estado dos equipamentos quando os trabalhos de construção estiverem concluídos e durante a fase de operação.
Combinando os resultados dos diferentes testes, podemos determinar se há algum defeito que implique riscos para a produção de energia ou para a segurança dos trabalhadores.
Quantos projetos solares a Enertis Applus+ já forneceu esses serviços no mundo? E no Brasil?
Enertis Applus+ é uma empresa global de controle de qualidade, consultoria e engenharia com ampla experiência no setor de energia renovável e armazenamento de energia e pioneira na prestação de serviços de inspeção técnica e controle de qualidade. A Enertis Applus+ iniciou sua atividade comercial em 2007 e acumulou um histórico de mais de 250 GW em projetos renováveis e 15GWh em projetos de armazenamento em 65 países.
No Brasil, um mercado que começamos a abordar desde que nos juntamos ao Grupo Applus+ no segundo semestre de 2021, nossas referências já ultrapassam 1 GW.
Entrevista à pv magazin: https://www.pv-magazine-brasil.com/2023/03/13/controle-de-qualidade-em-projetos-fotovoltaicos/